Santana do Livramento é uma cidade bastante conhecida de todos os gaúchos. Fica longe de Porto Alegre (7 horas de ônibus). Mas tem Rivera bem do ladinho, no lado uruguaio. E ali fica um dos melhores free shops que podemos visitar na fronteira brasileira (acho que o melhor!).
Mas a Rota Farroupilha não tinha como objetivo fazer compras. Para isso vocês nem precisam das minhas dicas. Basta chegar e se esbaldar nos descontos e nos preços sem impostos no lado uruguaio. Mas será que a cidade do lado brasileiro não tem, assim, nada mais a oferecer?
Tem, claro! E é isso que a gente vai mostrar aqui no blog.
Santana do Livramento e a Revolução Farroupilha
Santana do Livramento não teve lá muita participação na guerra propriamente dita, lá no século XIX. Mas isso não significa que não houve fatos históricos importantes acontecendo por lá. Esta região do estado gaúcho, por exemplo, já foi disputada por portugueses e espanhóis.
Mais tarde, a ferrovia construída para ligar Rivera a Montevidéu acabou se interligando à cidade. E era por lá que se fazia a comunicação comercial entre o Uruguai e São Paulo. Hoje, infelizmente, tudo isso está desativado. Como todos sabem, o Brasil optou por usar as rodovias e não as ferrovias para os transportes de longa distância. 🙁
A cultura regional tem muita relação com a cultura uruguaia. Por esse e por diversos outros motivos. Até pouco tempo atrás era muito mais perto ir a Montevidéu do que a Porto Alegre, por exemplo.
Marcos de fronteira entre o Brasil e o Uruguai – onipresentes em Santana do Livramento
Tá. Livramento não abrigou nenhuma batalha relevante na Revolução Farroupilha. Mas isso não é motivo para que a cidade não tenha o seu papel nessa conversa. É que um dos seus mais ilustres filhos foi o principal responsável pelo resgate da cultura e dos ideais dessa revolução para o dia a dia do Rio Grande do Sul.
Paixão Côrtes, nascido em Santana do Livramento, foi um dos fundadores do movimento tradicionalista gaúcho. Se não fosse ele e suas pesquisas, talvez não existissem mais hoje a pilcha (roupa típica) e nem as músicas cantadas pelos CTGs fundados mundo afora.
A imensidão do pampa está por trás da alma do gaúcho
Para quem não é daqui, preciso explicar que CTG significa Centro de Tradições Gaúchas. Existem por todo o estado (por todo o Brasil e até no exterior) e reúnem as pessoas em comunidades (como em um clube). O objetivo é celebrar a música, a poesia, a culinária (churrasco!!!) e as danças que os peões e prendas conheciam na época da revolução farroupilha.
Tivemos a oportunidade de conversar com uma historiadora de Santana do Livramento, Vera do Prado Lima Albornoz. E foi simplesmente incrível ouvir dela algumas reflexões sensatas sobre o significado de se celebrar ainda hoje uma tentativa frustrada de independência do Império.
Gostaria de poder debater um pouco sobre tudo isso aqui, mas a gente é um blog de viagens e eu tenho medo de vocês fugirem se eu começar a falar muito sobre história. Mas para encurtar a conversa, só tenho uma coisa a mais para dizer:
Nação que vira as costas para o seu passado não tem futuro. Certeza.
Santana do Livramento Turística
Mas então vamos ver se a cidade tem algum tour legal para fazer? Claro que tem. A Pampa e Fronteira Turismo e Eventos nos levou para passear pela cidade (sim, foi uma cortesia \o/ para o nosso grupo). A rota escolhida foi o tour Ferradura dos Vinhedos, passeio mais vendido da agência.
Ao longo da rota estão esses marcos explicativos
É que a cidade, além de ser um excelente destino de compras por causa de Rivera ali do lado, está despontando como polo produtor de vinhos de qualidade, assim como toda a região da campanha gaúcha.
Ferradura dos Vinhedos
A ideia da rota nasceu na universidade e recebeu apoio da prefeitura e o patrocínio do Banrisul. Trata-se de percorrer uma estrada em forma de ferradura onde justamente estão as principais vinícolas da cidade em meio a uma linda paisagem do pampa gaúcho.
Rota completa
Desde 2013 foram colocados marcos em cada uma das atrações do roteiro. Dá para percorrer tudo em 3-4 horas facilmente (até menos, dependendo do dia). Só que infelizmente, muitas das atrações tem horário de atendimento bem restrito.
A minha dica então é fazer a rota sempre com uma agência. Assim você não perde principalmente as degustações. Vamos comentar rapidamente cada paradinha.
Horto Vitivinícola: Produz mudas de diversas variedades de uva, não só as plantadas na região. Exporta 90% da sua produção para vinícolas Brasil afora. Não conseguimos entrar porque é fechada aos domingos.
Vinícola Salton: a famosa empresa com sede na serra gaúcha também tem vinhedos na campanha. Produtores de toda a região mandam uvas para essa usina, onde o vinho está sendo produzido. Ainda não está aberta a visitação.
Vinícola Nova Aliança: também não estava aberta a visitação, mas é uma produtora conhecida de vinhos aqui do Rio Grande do Sul
Cerro da Cruz: parada estratégia para fotos de um belo cerro (esses morros com topo plano, típico da região). Reza a lenda que há uma cruz lá em cima que muda de lugar sozinha. o.O Mas parece que a verdade é que nem há cruz alguma.
Cemitério da Cruz: ainda meio abandonado, não dá para visitar de pertinho, infelizmente. Tem túmulos de mais de um século de idade, da época em que as famílias abastadas construíam verdadeiras obras de arte. Essa parte da estrada é a pior, recomenda-se estar num 4×4, principalmente se choveu na véspera.
Passo da Cruz: É onde fica a ferrovia e as porteiras das fotos que estão mais acima neste post. Um lugar muito bonito para fotografar.
Novos Vinhedos: nessa parada, dá para avistar as plantações de oliveira que estão surgindo na região. Além da uva e do vinho, em breve teremos azeite de oliva nacional de boa qualidade. Ao que tudo indica, pelo menos.
Vinícola Almadén: uma das mais antiga da região, estava fechada no domingo também. Mas essa abre em dias de semana das 8:30h às 16h. Nos fins de semana e feriado, só com agendamento prévio. A Almadén hoje faz parte do grupo Miolo, muito forte na serra gaúcha. Muitos vinhos da cooperativa tem uvas dessa região na sua composição, não só os Almadén.
Vitivinícola Cordilheira de Sant’Ana: essa a gente visitou direitinho. Com direito a degustação (custa R$ 15,00) e um atendimento caprichado.
Apesar dos vinhos serem deliciosos (e de preço um pouco salgado, dada a sua qualidade), o turista não pode perder as paisagens que se veem durante a visita.
Rótulos degustados – amei a Gewurztraminer!
Só a estradinha que leva até a sede já dá um show.
Cerro de Palomas: a vista para o cerro é muito boa da vinícola Cordilheira de Sant’Ana. A melhor foto sai de lá. Certeza. #ficadica
E no final, para arrematar com chave de ouro. O tour leva a gente para tomar um café com produtos caseiros numa propriedade rural da região.
O lugar é uma estância de criação de cavalo crioulo. Mas a dica ali é comprar as geleias caseiras por R$ 5,00. A de bergamotas é de lamber os beiços (bergamota = mexerica = tangerina, para quem não entende muito de gauchês).
E daí o tour terminou, já com o sol se pondo. Hora perfeita para a gente seguir viagem.
E Rivera?
A gente não falou de Rivera no post de Santana do Livramento de propósito. É que tem um post separado só sobre a cidade uruguaia. Só clicar no link:
Rivera bem rapidinho.
Serviço
Pampa e Fronteira Turismo e Eventos
Endereço: Rua dos Andradas, 129 Galeria Planela sala 13 – Santana do Livramento/ RS
Telefone: (55) 3243-4999
Facebook
Vinícola Cordilheira de Sant’Ana
Endereço: Estrada de Palomas s/n
Email: adm@cordilheiradesantana.com.br
Telefone: (55) 9973.2620
Site Oficial | Facebook
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A viagem #RotaFarroupilha é um projeto do Territórios em parceria com As Peripécias de uma Flor, Café Viagem, Mochilinha Gaúcha e participações especiais de Andarilhos do Mundo e da jornalista Criz Azevedo. O roteiro teve o apoio de empresas regionais como BC&M Advogados e Agropecuária Sallaberry, além do suporte do Sebrae Costa Doce e de algumas secretarias de turismo. A ideia surgiu ao saber da Rota Caminho Farroupilha elaborada pelo Sebrae RS e oferecida como pacote turístico pela Tchê Fronteira Turismo.