Os museus de Estocolmo, na Suécia, são famosos mundo afora pela sua qualidade. É que o povo da Escandinávia é muito talentoso e design e fazem escola quando o assunto é curadoria.
O resultado é uma experiência sempre surpreendente, que eu vou tentar exemplificar nesse post, que relata a nossa visita ao Museu de História da Suécia.
Por que justamente o Museu de História da Suécia?
Boa pergunta. Eu, que nunca fui sequer no Museu de História do Brasil, resolvo pagar ingresso para conhecer o Museu de História da Suécia… Tem base?
Por que cargas d’água alguém se interessaria justamente por esse e não pelo Museu da Cultura Nórdica, logo ali pertinho?
Para não pagar de pseudointelectual, vou logo revelando. Porque era de graça! Simples assim. Nas quarta-feiras de verão, das 16-20h, a entrada é gratuita. E adivinhem só, a gente por acaso estava justamente ali naquele dia, naquele horário.
Então resolvemos entrar.
E de todos os museus de Estocolmo, esse era o único grátis?
Não… Todos os museus eram grátis nesse dia, nesse horário. Mas é que eu gosto mesmo de museus de história, muito mais do que dos de arte.
E a história bem sucedida de surgimento de um povo desenvolvido e amável nas adversidades do clima e dos recursos naturais da Escandinávia sempre me intrigaram.
Reflexões sobre a História
Famosos por descenderem dos Vikings, pensei que esse museu trataria, basicamente da história dessa civilização, com algumas curiosidades inusitadas sobre suas tradições e cultura.
Que nada. O museu começa te fazendo viajar pela idade da pedra, muito antes dos Vikings terem surgido e, olha que sacada:
Cada sala da exposição nesse setor é identificada com um painel exatamente igual àqueles dos aeroportos. É como se cada sala dessas fosse uma sala de embarque que te leva a viajar por um tema diferente.
Reparem na decoração dos espaços, reparem nas poltronas e nas mesas… Se não fosse o Sandro me apressando, acho que estava lá vendo tudo com calma até hoje…
Daí você imagina que eles vão falar da idade da pedra mostrando os artefatos descobertos nas escavações pelos arqueólogos, né?
Têm razão… Estão lá todos esses objetos, ossos, vasos, pedras, pontas de flecha. Mas ao lado dessas “relíquias ancestrais” eles expõem também objetos e restos “deixados” por aí pela nossa civilização atual.
E nos convidam a refletir: – Será possível deduzir como era a vida de um povo através da análise de vassouras, baldes e copos de vidro?
Em outra seção, um filme tentando decifrar a necessidade dos povos antigos de escrever em pedras e deixar essas “pistas” para nós, habitantes do futuro.
Depois de mostrar toda a evolução e a progressiva sofisticação na arte de riscar pedras e usar caracteres para transmitir uma mensagem, o vídeo termina mostrando uma pixação sobre uma rocha no alto de um morro.
Afinal, a humanidade do tempo dos Vikings ainda é a mesma que deixa recadinhos feitos de spray nos muros das nossas cidades de hoje… E provavelmente pelos mesmos motivos.
As dezenas de reflexões que esse e outros museus de Estocolmo me fizeram ter valeram muito mais do que os 100 SEK (100 coroas suecas) que teria pago de ingresso.
Como eu disse lá no início do texto, a estruturação dos museus da Suécia é realmente especial e incrível, muito diferente mesmo. Tanto que já fazem quase 2 anos que estivemos por lá (fomos em Março de 2013) e até hoje ainda me lembro claramente de toda essa experiência.
A Ala Viking
A ala Viking propriamente dita, então… Em vez de simplesmente mostrar roupas, adornos, joias e objetos históricos, eles analisam detalhadamente a evolução com o passar dos anos do quê? Do quê?
Das diferentes formas que a história, ao longo dos anos, enxergou os Vikings…
Não entendeu? Eu desenho…
No século XIX, o período romântico exaltava a pureza do “bom selvagem” e os Vikings eram visto como os ancestrais heroicos do povo nórdico. Essa visão acendeu a chama nacionalista dos diversos povos nórdicos, ressuscitou a religiosidade local e está por trás de diversas obras de arte na música e na literatura.
Depois, no século XX, foi que eles ganharam a fama de bárbaros malvados e selvagens. Se me lembro bem, isso serviu até para justificar a invasão da região por Hitler, inclusive, que precisava levar para lá a “civilidade” ariana.
Hoje, todo mundo sabe por causa dos quadrinhos que o guerreiro nórdico Thor, apesar de forte e agressivo, é do bem. E os historiadores, vejam só, descobriram que os Vikings foram, na verdade, grandes cientistas nas artes navais e que deixaram muitas heranças úteis e construtivas para o mundo.
Aquela coisa de serem um monte de piratas que só saqueavam vilarejos inocentes, parece não ser mais condizente com a história real.
Ahn… E os elmos chifrudos nunca foram usados pelos Vikings, viu?
A Igreja e as Diversas Configurações dos Reinos Nórdicos
Daí o museu te leva até a cristianização da região, e depois até a época da reforma protestante, que tornou todo mundo luterano, no fim das contas.
Interessante saber como as religiões pagãs duraram por ali, particularmente na Islândia. Foi só ali pelo ano 1.000 que esse povo passou a construir igrejas. E em 1500 e poucos já começaram a destruir tudo de novo, para se transformarem em luteranas.
Hoje em dia, é uma das regiões do mundo onde mais há agnósticos e os próprios cristãos raramente frequentam as igrejas…
Um Jesus feito de sombras – arte num museu de História
Depois de nos apresentarem essa cronologia, a gente se vê numa rampa onde à medida em que a gente vai subindo, vai vendo a transformação do mapa da Escandinávia.
Em alguns momentos, a Dinamarca era dona de tudo, depois era vez da Suécia. A Finlândia já foi Sueca, mas foi russa a maior parte do tempo, até ficar independente. Daí a Noruega, que já tinha sido independente, deixou de ser, depois voltou a ser.
Enfim… Uma salada. Fiquei com peninha só da Dinamarca mesmo que já foi dona de tudo e agora é bem pequenininha, né…
Daí vem a parte moderna do museu, onde ele apresenta toda a história contemporânea do país, inclusive mostrando seus ídolos, vitórias e, veja bem:
Tem até um celular ali para falar da Ericsson, uma das empresas suecas mais famosas da atualidade e que já virou peça de museu.
Outros Museus de Estocolmo
Os outros museus de Estocolmo tem, de certa forma, a mesma pegada. A gente pagou ingresso para entrar no Palácio Real, que não deixa de ser um museu também. Lá dentro era proibido tirar fotos, infelizmente.
Mas claro que a gente deu um jeito.
Fomos mais espertos que a turba de italianos barulhentos que levou advertência do guardinha e acabou tendo que apagar as fotos do celular…
Tem também o Museu de Belas Artes, o Museu do Nobel (é em Estocolmo que se revela o prêmio Nobel todos os anos, exceto o da paz que é entregue em Oslo), o Museu Nórdico, o Museu Vasa, o Museu do ABBA…
Museu Vasa – estava em obras 🙁
A gente colocou todos os mais legais num mapa e falamos um pouco sobre todos no nosso outro post sobre o que tem para ver em Estocolmo. Ah… e o café do museu serve um almoço caseiro muito bom a preços módicos.
Clica aí!
+ O que tem para ver em Estocolmo
+ Compras em Estocolmo e onde comer
Espero que não tenha cansado muito vocês com esse papo de história. Mas é que eu achei mesmo tudo ali muito legal. Não podia deixar de compartilhar com vocês. Se você já foi nesse mesmo museu, deixe um comentário ali embaixo para a gente saber como foi a sua experiência também!
Serviço
Historiska Museet
Site: http://www.historiska.se/home/
Horários: 11-17h (exceto segundas) de Setembro a Maio.
Abre das 10-18h entre 01/06 e 31/08 sem fechar às segundas.
Preço: SEK 100,00 (pode ser grátis em alguns dias e horários)
Quer ver nossos outros posts dessa jornada? Clique no banner abaixo ou nos nossos links a seguir.
Leia mais:
+ O que tem para ver em Estocolmo?
+ Compras em Estocolmo
E se você estiver procurando um hotel na cidade, não deixe de dar uma forcinha para a gente, clicando em um dos nossos links. Fazendo isso, a gente ganha uma comissãozinha (mixuruca, mas já vale!) do Booking.com quando você for se hospedar.
Muito legal…..Gostei das dicas. D&D Mundo Afora
Oi Daniela,
Que legal que gostou. A gente amou esse museu.
Abraços
Parabéns pela honestidade… fui porque era de graça. kkkkk… Mas incrível o lugar hein, eu gosto de museus em que o espaço também é pensado para incrementar a experiência do visitante, show!
Estou em Estocolmo.Encantada com a história deste povo.Obrigada pelas dicas.
Olá, quero dizer que adorei o post sobre Estocolmo e esse aqui do museu de história do país. Vou pra lá daqui há uns dias e já inclui no meu roteiro. Parabéns pelo blog Melissa