O vulcão Rano Raraku, para mim, é o mais bonito da Ilha de Páscoa. E pensar que a gente quase passou direto… Sem ninguém para nos dizer o quanto ele era bonito, foi por um triz que não comemos mosca. Assim, gente, vocês não têm noção! Foi por muito pouco a gente não volta para o Brasil sem sequer ter conhecido SÓ o lugar mais lindo de toda a ilha.
Isso é que dá chegar em um lugar sem planejamento, sem guia turístico, sem sequer ter lido uns blogs na internet…
Mas você, que passou por aqui antes de viajar, já não corre o risco de cair no mesmo erro que a gente e nem de aprontar as mesmas trapalhadas que a gente aprontou. Não contei que a gente acabou entrando onde não devia? Ih… Então deixa eu começar essa história do começo.
Os Vulcões da Ilha de Páscoa
Como eu expliquei no post sobre o vulcão Rano Kau (o mais exótico da ilha), o mapa de Rapa Nui tem a forma de um triângulo. Em cada ponta está um vulcão adormecido. Isso é tão básico que a gente até já sabia, mesmo sem ter planejado QUASE nada.
Como amantes de trilhas e de paisagens naturais que somos, planejamos desde o início conhecer esses três vulcões, um por dia. Rano Kau, o mais próximo de Hanga Roa (a “capital” da Ilha de Páscoa) ficou para o primeiro dia, o vulcão Poike para o segundo dia e Teravaka para o terceiro dia. Repare que Poike fica no vértice nordeste do mapa.
Só tinha um problema, apesar de ser fácil enxergar o cume do vulcão Poike ali do Ahu Tongariki (a plataforma com 15 moais, uma das mais famosas de toda a ilha de Páscoa), o acesso era exclusivamente por trilha. Até aí tudo bem, o problema é que não tínhamos visto nenhuma sinalização apontando para lá a partir da estrada.
Então, como era caminho, resolvemos visitar Rano Raraku primeiro, só o lugar MAIS FAMOSO de toda a Ilha de Páscoa.
Rano Raraku não é a fábrica de moais?
Quando alguém fala Ilha de Páscoa, qual é a primeira imagem que vem à cabeça? Aposto que são uma estátuas de pedra imensas afundadas na terra até o pescoço, só com a carinha para fora. É uma imagem tão famosa, que usamos para montar o nosso banner aqui do blog, onde se clica para acessar todos os posts que escrevemos sobre Rapa Nui.
O lugar onde tiramos essa foto é justamente Rano Raraku! Que é nada mais, nada menos que o sítio arqueológico mais importante de todos. Também conhecido como a fábrica de moais, lá dá para ver 397 estátuas em todos os estágios de elaboração. Então, para um lugar tão importante, é óbvio que há muitas placas apontando o caminho, né? Impossível se perder.
Rano Raraku é um patrimônio da humanidade, tombado pela Unesco. Para garantir que continue assim, cobra-se inclusive ingresso e há horários determinados para visitação.
Perceberam que eu estou me desviando um pouco do assunto, né? Então… Aguardem que já já publicaremos um post exclusivo sobre a fábrica de moais. Mas é que eu precisava dar esse pequena introdução para vocês entenderem a razão da nossa confusão.
Passando batido do Vulcão
Bem, vocês já entenderam que a nossa meta era o vulcão Poike, né? Concordam que Rano Raraku, visto de fora, parece apenas uma montanha em cuja borda os Rapa Nui esculpiram centenas de moais? Então nós (que estávamos sem guia) simplesmente fizemos nossa visita, ficamos mega entusiasmados e saímos satisfeitos.
Rano Raraku visto de longe: uma montanha com moais na borda verdejante
E quase na porta para ir embora, a gente se distraiu olhando uns painéis até que vimos umas fotos da cratera de um vulcão INCRÍVEL. Resolvemos perguntar para os guarda-parques que lugar era aquele. E adivinhem a resposta? Era ali mesmo!!! Só que em vez de seguir o caminho da direita para a fábrica de moais, tínhamos que pegar o caminho da esquerda, onde havia uma placa pequeninha indicando “volcano”.
Pena que a gente esqueceu de tirar a foto da placa.
Sei que você anda uns 15 minutos por uma trilha no meio do matagal e daí a paisagem muda completamente. Sai o verde e a grama e surgem umas rochas nuas amarelo-alaranjadas e a trilha passa por uns desfiladeiros e uma placas de “cuidado com os cavalos selvagens”.
Mas depois de subir um pouquinho, eis que a gente se deparou com um lugar que a gente nem esperava encontrar…
A Cratera do Vulcão Rano Raraku
Não é que por trás daquela montanha tinha uma cratera vulcânica, gente? Então… Vocês vão me dizer que no próprio mapa já dizia “Volcán Rano Raraku”. Só que a gente não sabia que havia uma cratera cheia de água, um dos 3 únicos reservatórios de água doce de toda a ilha.
Repararem na foto abaixo. Imaginem que cada montinho daquele é um vulcão e não dá para adivinhar qual deles é bonito por “dentro”, só mesmo subindo em cima de cada um! (ou lendo antes em um blog de turismo)
A gente ficou tão entusiasmado e embasbacado que resolvemos dar uma volta em torno de toda a cratera, coisa que a gente não teve coragem de fazer em Rano Kau, com medo de cair direto no mar por causa daquela beiradinha quebrada.
E o principal motivo para nos fazer caminhar até a outra extremidade: tem um MONTE de moais na parte de dentro da cratera, assim como na parte de fora. Também há, inclusive, alguns em fase de construção.
E depois de dar a volta completa, a gente se deu conta que éramos os únicos loucos a fazer isso. Eventualmente algumas pessoas chegavam vindo da trilha se sentavam nos banquinhos, admiravam e voltavam.
Um amigo blogueiro, o Edson Maieiro, que escreve o incrível blog Phototravel360 foi lá na Ilha de Páscoa dois meses depois da gente e veio com uma notícia que nos deixou meio cabreiros. O acesso aos moais de dentro da cratera estava proibido e havia placas indicando essa proibição.
E agora? Será que as placas foram colocadas depois, ou será que a gente não viu as placas e aprontou o que não devia? Bem, pelo menos a gente não depredou nada! Só ficamos mesmo admirando a linda paisagem e tentando fotografar os melhores ângulos.
Como curiosidade, sabia que esse junco que cresce no lago é a mesma planta do lago Titicaca (Peru/Bolívia) e que é usada pelos Uros (o povo pré-colombiano de lá) para criar suas casas flutuantes? Como a fibra tem ar no seu interior, ela bóia e aqui na ilha de Páscoa eles a utilizavam para fazer canoas e as pranchas que os Rapa Nui usavam na cerimônia do homem-pássaro (tem post mais adiante para explicar essa história melhor…). Fonte: wikipedia.
E aí? Que vulcão é o mais bonito?
Vocês que já vêm acompanhando nossos últimos posts já podem até opinar. Vamos ver se vocês concordam conosco e vão achar a cratera alagada de Rano Raraku mais bonita que a do vulcão Rano Kau, único ponto que pode oferecer alguma concorrência.
Vale dar uma conferida nas fotos publicadas sobre Rano Kau para comparar, hein?
E o Vulcão Poike?
Bem, esse vai ficar para uma próxima visita à ilha. Depois de descobrir que ele não tem cratera, a gente desistiu de encarar a trilha até lá.
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Ruínas, Estátuas e Arte Rupestre
Caçando os Moais da Ilha de Páscoa
Turismo Arqueológico além dos Moais
O verdadeiro umbigo do mundo – e bem limpinho
Atrações Turísticas da Ilha de Páscoa
Dá praia na Ilha de Páscoa
Show Folclórico Rapa Nui com Jantar
Vulcão Rano Kau – o mais exótico
Vulcão Teravaka – o mais alto
Vulcão Pu’i – o mais nada a ver
Gleiber, o que mais doeu não foi a proibição de chegar perto dos moais, no interior do vulcão, mas descobrir que apenas algumas semanas antes, isto era permitido.
Na minha segunda visita lá, eu até pensei em dar uma puladinha na cerca, e tirar algumas fotos mais de perto, mas eu vi um guarda-parque passando com um grandeeeeee cachorro, e ai eu desisti. Parabéns pelo post e fotos.
Então, definitivamente, a gente não fez nada de errado, né? Ufa… Já basta a história do umbigo do mundo, que ficou manchado… Acho que já ando com medo desses guardas chilenos.
Sem sombra de dúvidas ESTE é o mais incrível.
Nossa, nem eu imaginavaria que subindo lá teria um lago de água doce.
Chegaram a tocar na água? Será que era termal? ehhehehe
Lindo post! Adorei!
A gente não tocou na água não, mas fica frio. Ela não esquenta. O vulcão já está extinto (ou assim eles dizem…)
Qd subimos na cratera, a trilhazinha estava com lama, por causa da chuva à noite. Então, também não entramos no lago cheio de totora, até porque estava rodeado de lama tb. Muito rapidinha a subida, né? Achei que fosse seguir uma trilha maior. Vale a pena a subida até a cratera. Vi os moais na parte de dentro da cratera de longe, porque não podia passar para o outro lado mesmo.
A gente também não chegou muito perto da água. Mas a trilha é curtinha mesmo! O problema é que se ninguém avisa, corre-se o risco de não vê-la.
Gente, me desculpem pela burrice, mas, existem vulcões na Ilha de Páscoa? Já li em alguns sites que são apenas formações rochosas parecidas com vulcões, mas que não o são. Alguém sabe?
Pois é, Caroline.
Parece que você tem razão. Andei lendo esses dias que as formações geológicas da ilha não são exatamente vulcões. Para a gente que é leigo, meio que dá na mesma, mas oficialmente, acho que não são vulcões mesmo não.
Abraços.